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“Em 1997 aconteceu a primeira Parada LGBT na cidade de São Paulo, que contou com cerca de duas mil pessoas, quase um grão de areia perto dos milhões que comparecem nas paradas mais recentes. Inicialmente inspirada pelas marchas que aconteciam na Europa e nos EUA, quase 20 anos depois, muita coisa mudou. A manifestação cresceu muito e ganhou novas causas, agregou diferentes públicos, ganhou espaço em diversas cidades brasileiras e tomou para si a maior avenida de São Paulo de forma definitiva. Neste meio tempo também, a luta pelos direitos também cresceu e a causa pauta muitos debates e discussões na sociedade.

Entrevista com Beto de Jesus, 53, ativista:

O que a parada de 1997 representou naquele contexto?


Foi uma coisa muito libertadora. Uma coisa é você fazer um ato de reivindicação, isso a gente já fazia, mas ali era outra pauta. Era falar para a sociedade que temos orgulho de sermos quem nós somos. Esse pra mim é o legado da parada. Muitas vezes, algumas pessoas vivem a sua sexualidade de forma precária, com tanta restrição, vivendo em cidades, bairros, muito homofóbicos. Quando essas pessoas chegam num espaço como a Paulista, que é uma arena, e encontra milhões de outras pessoas iguais a elas ou que apoiam a sua causa, isso dá vitalidade, reforça a autoestima, o que as pessoas têm de melhor. Elas não precisam ter vergonha de ser quem são, elas não são pecadoras como a igreja diz, elas não são criminosas como muitas vezes o Estado diz, mas elas são pessoas plenas de direito, são amadas, têm uma sexualidade saudável. Isso não tem preço, garantir que essas pessoas consigam perceber e entrarem nessa vibe, perceberem que elas não estão sozinhas, que tem muita gente igual e muita gente que apoia. Esse é um dos maiores legados da parada.”

Por Letícia Naísa para o site VICE, 2016

PARDA GAY NO1


com apenas 500 pessoas o arco-íris se torna visível.

“Foram apenas 500 participantes, conforme algumas estimativas. Ou 2 mil, de acordo com outras. Apesar dos números modestos, a primeira edição da Parada Gay de São Paulo foi um marco. ‘Ocupamos as ruas durante o dia e nos tornamos visíveis’, recorda-se o ativista Roberto de Jesus, mais conhecido como Beto de Jesus, hoje com 52 anos, um dos organizadores daquele evento. “No final, eu chorava muito. De felicidade.”

A marcha que nos anos seguintes ocuparia a Avenida Paulista – com término na Praça Roosevelt – teve, em 1997, um trajeto do Estádio do Pacaembu até a Barra Funda. Formado em Filosofia e Teologia, Beto acumulara experiência no movimento operário da zona leste nos anos 1980 e, na época, coordenava um programa social para crianças na então Secretaria do Menor do Estado de São Paulo. 

‘A Parada foi organizada por sete grupos de ativistas gays e dois núcleos de partidos políticos, um do PT (Partido dos Trabalhadores), outro do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado)’, lembra Beto, atualmente consultor nas áreas de HIV, diversidade e combate à homofobia no ambiente de trabalho, além de ocupar o posto de secretário para América Latina e Caribe da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA, na sigla em inglês).”

Edison Veiga, para o jornal O Estado de S. Paulo
24 Janeiro 2015

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