MEMÓRIA E IDENTIDADE PAULISTANA
INTRODUÇÃO:
Este trabalho iniciou-se na matéria de Estúdio Vertical (E.V.) da Escola da Cidade, no primeiro semestre de 2016. Nessa matéria, é dado um tema geral para toda a escola e, em grupo com aluno de todos os anos, desenvolvemos um projeto. Durante o E.V. desenvolvi, de forma geral, a ideia tema que eu gostaria de desenvolver no meu trabalho final de graduação. Apesar de não ter usado o material gráfico ou o projeto realizado no primeiro semestre, as discusões e as referências estudadas foram importantes para dar início à pesquisa elaborada no segundo semestre.
A matéria de E.V. levantou o tema “adição e subtração na pré-existência”, em grupo, refletimos sobre o que poderia ser considerado “pré-existência” e como abordar a questão da da adição e subtração. Após as discusões tomamos o partido de estabelecer o patrimônio histórico como pré-existência e refletir sobre como essa qualidade de alguns edifícios adiciona significado aos espaços urbanos da cidade e no cotidiano de seus moradores. Levantamos a relação entre a obra arquitetônica, seu contexto urbano e sua projeção histórica, ou seja, como esses edifícios e a malha urbana podem revelar traços de história ao observador. Entendemos que tais edifícios, desde sua construção até os dias atuais, passaram por grandes mudanças hitóricas, a cidade se consolidou e o cotidiano das pessoas se adaptou às estas mudanças, se distanciando cada vez mais do cotidiano de uso estabelecido na construção do edifício. Essas mudanças se acumulam ao longo do tempo, as vezes são visíveis, as vezes não são. Durante as discussões, concluímos que estudando os bens tombados da cidade, seria possível estabelecer um paralelo entre eles e descrever a história de São Paulo através da conexão dos mesmos. A partir disso, levantamos os bens tombandos da cidade, denominados patrimônios culturais, e buscamos conectá-los para que ficasse claro a narrativa do crescimento da cidade de São Paulo e, ao mesmo tempo, promovesse a aproximação entre o objeto histórico e as pessoas.
Paralelamente ao trabalho de E.V., desenvolvi uma pesquisa que me fez refletir sobre o método de análise e como eu estava abordando o tema da história da cidade. A consolidação de uma metrópole como São Paulo não poderia ser entendida somente analisando os edifícios que, por algum motivo, foram escolhidos para serem um marco na cidade ou para representá-la de alguma maneira, por isso, busquei outros métodos de análise da cidade, uma análise que tornasse visível a relação entre os bens culturais e as vidas presentes e coexistentes com esses marcos históricos. Para estudar essa relação, busquei compreender esses espaços relacionados ao patrimônio histórico e sua tragetória ao longo do tempo. Desejei eleger pontos a serem destacados, podendo ser edifícios, espaços públicos abertos, relações entre uso e ocupação do lugar e das pré-existências ou algum fator histórico que vale a pena ser revelado, tendo como finalidade resignificar lugares cotidianos da cidade. Por fim escolhi trazer essas pesquisas e a abordagem em cima do tema do patrimônio cultural para o conhecimento do público, através de uma plataforma digital.
Acredito que ao revelar traços específicos da história de São Paulo para seus moradores, trabalhadores e passantes, os espaços urbanos do cotidiano podem criar novos significados e criar laços de afetividade com a cidade que se mostra tão dura e caótica. Na realidade o tecido urbano esconde muitas camadas de histórias e contos relevantes para sua consolidação e que valem ser lembrados, expondo por fim o que é o ser paulistano, sua identidade, a sua relação com o passado e como essas camadas são acolhidas e também reveladoras do nosso presente.