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METODOLOGIA: A CIDADE EM TRES CAMADAS

    Assumindo o papel de especialista, no meu caso, com um olhar de arquiteta e urbanista, o contato com todas essas referências bibliográficas em cima do objeto patrimonial, sua relação com o outro e com a comunidade me fizeram perceber que estes são elementos geradores de cultura e interferem na idéia de identidade e pertencimento ao espaço de convívio e me fizeram refletir sobre uma forma de pesquisa que gerasse a conscientização entre as pessoas nas quais dividem o espaço.

   Busquei então criar uma metodologia de análise da cidade onde ficasse claro todas essas camadas de relações e estudo da cidade e evidenciasse a relação entre o bem cultural, o espaço públido e as pessoas. Os edifícios tombados são os elementos representativos de uma camada que ressalta a história oficial da cidade, cada edifício é representativo de uma época, um poder e uma economia e os elemetos materiais com que o edifício foi construído é simbólico de sua função e posição social. Analisando a obra isoladamente, tomando o cuidado de eleger os ornamentos ou elementos que traduzem sua importância histórica, é possível localizar em qual camada da história se encontra e torna-se compreensível os motivos  patrimonialização da mesma e relacionando-se de forma mais próxima com o bem cultural. Por tanto os bens culturais21 da cidade formam parte de uma camada de análise na qual nomeei de “memórias oficiais”.
    Esses edifícios conformam a paisagem patrimonial e interagem com o espaço de maneiras distintas de acordo com a utilização do espaço público na qual está inserido. Os grandes espaços públicos da cidade têm potencial de promover eventos que marcam a história da cidade devido a grande aglomeração de pessoas e a possibilidade de gerar inúmeras histórias que permanecem em uma camada da cidade que é significativa por um determinado momento. Os eventos, os grandes acontecimentos históricos são importantes para a cidade, mas principalmente são importantes para quem participa desses eventos e constrói a prória história pessoal de cada ser, gerando contos e relatos diferentes para o mesmo acontecimento e que tem tempo, onde esse evento paira no ar e depois desaparece deixando sua marca na vida das pessoas e na cidade. Neste caso, os edifícios patrimoniais se relacionam com o espaço de maneira estática, no sentido em que marca a paisagem e contribui com a grandeza desses eventos. Neste caso, busquei fazer uma coleção de grandes eventos aglomeradores de massa que se aproveitaram dos espaços públicos para virem à tona e pesquisei a forma com que tais eventos se repercutiram, tanto em jornais e revistas como relatos pessoais, além de buscar fotos representativas desses eventos específicos. Essa coleção deixou claro quais espaços foram escolhidos pelo paulistano para serem o interlocutor entre a massa e o poder público e vice-versa. Essa camada levou o nome de “memórias compartilhadas”.
Diferente dos eventos, os patrimônios culturais assumem uma caracterítica dinâmica quando estudadas no dia a dia e no cotidiano dos espaços da cidade. Como a população ou determinada camada social se relaciona com o espaço público e o edifício muda de acordo com sua camada histórica, fazendo com que o próprio edifício adquira novas funções ou significados, ou seja, agora é estudada a ação do tempo na matéria e no uso desses patrimônios culturais. Por isso, busquei uma análise cronológica de espaços específicos da cidade em que esses edifícios estão situados e pesquisei como retratar essas mudanças. Escolhi a representação de fotógrafos de épocas diferentes da cidade e estabeleci um paralelo entre os espaços públicos retratados e nomeei tal camada de “memórias do cotidiano”.
    Além de definir essas tres camadas, estabeleci um recorte temporal de cem anos (1900 até 2000), marcando a consolidação da cidade, que faz a transição entre uma cidade pacata e pequena, passando paulicéia desvairada dos anos 20 e chegando até a grande metrópole cosmopolita dos dias de hoje. Ao definir essas tres camadas de análise, observei a cidade em uma escala macro, acumulando informação da cidade inteira e localizando essas informações no mapa, sendo possível reparar as possíveis relações entre elas, principalente sua posição geográfica e como a malha urbana e a mobilidade conecta esses dierentes espaços.
 

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